Dias vazios (ou só mais um monte de bobagens)
Cá estou eu mais uma vez nessa maldita montanha-russa emocional. Será que nunca vou me acostumar com os loopings?!
Já me rogaram praga uma vez, dizendo: "você vai voltar para aqueles relacionamentos vazios de antes, para os homens que não te dão valor e tratam mal, por que é disso que você gosta". Achei despeitado, rancoroso e cruel da parte do cara. Por que não é verdade, eu não gosto não. E nem levei em consideração, afinal, atrocidades ditas em discussões de rompimento não devem ser consideradas, devem?
Acontece que em algum ponto ele até teve razão, excluindo a parte sobre ser maltratada. Não é assim que acontece... Até porque não ser tratada da forma como você espera que seja, não significa ser maltratada. É só frustração, minha companhia inseparável nos últimos tempos. Seria mil vezes mais fácil se esse novo cara errado fosse grosso, me destratasse e o escambau. A raiva viria logo e acabaria com toda a ternura. Mas não, ele faz a linha "o problema não é você, sou eu" e se preocupa com meu bem-estar, é carinhoso, gentil e... Ausente. Distante, fechado, misterioso e eu diria até perigoso. Lobo em pele de cordeiro, sabe?
Não, eu não vou ficar aqui falando mal do cara. Isso é chato à beça. E se parar pra pensar eu talvez tenha tantas coisas boas quanto ruins a dizer sobre ele, o que dificulta seriamente o meu esquema do "denegrir para esquecer".
Esquecer...
Lembram daquele filme ótimo com a Kate Winslet e o Jim Carrey "O brilho eterno de uma mente sem lembranças"? Pois é, toda vez que me apaixono pelo cara errado, na hora errada e sofro igual a uma desgraçada, fico pensando o quão absoluta e escandalosamente maravilhoso seria se aquele procedimento existisse na vida real. Eu seria capaz de vender o que fosse, até mesmo um rim, para pagar por isso: esquecimento. Quem não? Ah, essa historinha de que o sofrimento é parte do que você é e te faz crescer, é uma grandessíssima balela, na minha opinião. Não sei de crescimento nenhum, o que sinto é uma raiva, mas uma raiva tão enorme de mim mesma, uma sensação de impotência, de fragilidade, de desamparo... Como se nada do que eu faça vá adiantar, porque todos os dias (durante sei lá eu quanto tempo ainda) vou acordar de manhã e pensar onde ele está, com quem e fazendo o quê, por que não tá aqui, se tá bem e feliz ou se alguma coisa o aflige, se pensa em mim... Vou sentir saudade, ter pena de mim mesma. E ainda fazer um esforço descomunal para sobreviver a cada dia sem notícias, sem o toque nem o seu sorriso, sem nada... Daí então, quando eu tiver alguns momentos de paz, quando estiver quase conseguindo me acostumar e fazer parar de doer, talvez aí ele me mande uma mensagem - apenas perguntando se eu estou bem - que vai ser o suficiente pra sangrar de novo a ferida durante dias, ou semanas.
O tempo...
O tempo é um sujeito sádico que se diverte às nossas custas de uma maneira cruel. Quando mais preciso que ele voe, trazendo o alívio para a dor e tão precioso esquecimento, aí é que teima em se arrastar, traz as correntes para que eu mesma as arraste. E o destino? Vou te contar: esse é o gêmeo-mau do tempo. Porque o que um tem de ruim o outro tem de pior. Dessa vez o destino quis que eu tivesse todo o tempo livre do mundo... Sem rotina de trabalho, sem ter o que ocupar a mente. Nada. Dias vazios.
Vez ou outra penso em tirar minha bicicleta da garagem da minha amiga e pedalar por aí, diariamente. Por que não faço isso? Não sei dizer.
Tenho exercícios de fono pra fazer, textos pra escrever e pra decorar, livros pra ler e uma dúzia de outras coisas, se parar pra pensar. Mas não faço nada disso. Parece que não há vida dentro do meu corpo. Só me animo pra dançar e ainda assim tive a infelicidade de cair em um buraco há três dias atrás, quando torci o dedão do pé e fui obrigada a ficar de molho, na base do gelo e analgésico. Irônico não? Quando você pensa que está no fundo do poço, a vida te mostra que tem sempre um buraco ainda mais fundo onde você pode cair. E o que fazer, senão "levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima"??? Aparentemente não tem outro jeito, nem outra opção. O tempo vai continuar passando, assim como todo o resto. Porque tudo passa, inclusive o sofrimento. Pelo menos é o que dizem.
"Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo..."
Já disse que gosto de como tu brinca com as palavras, né?
ResponderExcluirSensacional, como sempre, como você. Beijos, R.
Obrigada, querido. Beijão!
ResponderExcluir"Memórias não são só memórias"... cicatrizes ficam, e só lembra quem levou, nunca quem bateu. Os livros sempre continuam na estante e os projetos são adiados.
ResponderExcluirHá de se superar as crises? Não ficar ruminando os problemas? É necessário. Mas a longa estrada para se chegar até lá é humanamente longa.
Mais pura verdade, Pedro.
ResponderExcluirHá que se superar as crises, definitivamente. E escrever é a estrada que sigo, em todos esses diários que já tive até hoje... É o meu meio de expurgar tudo de ruim que fica ruminando na minha cabeça. Até esgotar. Ou até mudar.
Algo acontece em algum momento, não é mesmo?!
Grata pela visita e pelo carinho, sempre.
Um abraço
ja tem mais de duas horas que estou aqui com os olhos ardendo e nao consigo parar de ler..., proucurar parte da sua historia para lembrar um pouco da minha..tanta coisa q ja ouvi de vc em pessoa.tanta coisa boa a gente passou junto, que tempo bom!Vc esta de parabens! como escreve bem, nem acredito que ja consigui cola sua na escola e quando lembro dos olhos verdes de azuis entao, nem fala.bjs e tudo de bom que vc merece!Mirian
ResponderExcluirAh, Mirinha... Que lindas suas palavras, até me emocionei aqui!
ResponderExcluirPois é, parte das nossas histórias acaba sendo uma só, logo logo aparece mais um pouco delas aqui. Que bom que gostou do blog, fico muito contente.
Você acredita que na foto da minha carteira de identidade eu tô com olhos azuis?! rsrs
Saudades de vc!
Beijo grande e apareça sempre por aqui, mesmo que seja só no mundo virtual. hehe