E no balanço das horas tudo pode mudar...

Então vamos lá, é preciso colocar algum swing, colorir, preencher com vida.
Eu também tenho um medo enorme disso tudo, acredite. Só que já entendi como a coisa toda funciona.
É um balanço. Isso mesmo, aqueles da infância: uma tábua (ou pneu) amarrada a duas cordas e pendurada em um galho de árvore. Estou falando aqui da gente, as pessoas e geral. Cada uma em seu próprio balanço emocional.
Perdoe se a metáfora é simplória demais, mas ontem me veio essa imagem à cabeça meio que como uma gigantesca ficha que cai assim, de uma hora pra outra. Não tem como eu deixá-la se perder no mar de pensamentos e ideias que é minha mente. Tenho que registrá-la aqui, para a posteridade.
Sim, o balanço. Imagine que cada um de nós habita o seu balanço particular e leva a vida em cima dele. A princípio, pode ser que muitos nem subam, com receio de cair. Outros apenas não alcançam mesmo. Paciência. Quando a gente descobre o prazer dos primeiros "vai-e-vens", quer dar cada vez mais impulso, indo mais e mais longe a cada ida e volta. A descoberta do risco, a adrenalina, a sensação boa que dá com o vento batendo forte no rosto... Tudo junto com a ingenuidade crédula da adolescência. E aí, bem na hora que estamos aproveitando ao máximo, rindo com vontade, duas coisas geralmente acontecem. A mais comum e óbvia é o tombo. De repente, perde-se o equilíbrio, algo dá errado e damos com a cara no chão. Dói pra caramba. Machuca mesmo. A gente pensa que nunca mais vai conseguir subir naquilo outra vez, diz que aprendeu a lição. Vai vendo.
Ou então, uma outra possibilidade é simplesmente perdemos o impulso e, lenta e gradativamente, ir perdendo velocidade, até parar de vez. Há quem continue ali bravamente, achando confortável esse leve balancinho. Logo se esquecem da emoção que viveram e pensam que esse negócio de ir mais alto não existe.
Para os que caem, a retomada é difícil. Subir novamente no balanço e acreditar que a dor não virá outra vez é um ato de coragem. E lá vamos nós: caindo, levantando, subindo novamente inúmeras e sucessivas vezes. Num ciclo sem fim, ou até que percamos a audácia de recomeçar. Porque isso acontece, viu?! Chega um momento em que descobrimos que dá pra ficar em cima do balanço, sem mexer. Percebemos que esse é um lugar indolor. Protegidos, abrimos mão do movimento (e consequentemente da emoção), para nos defendermos dos tombos e acreditamos piamente que isso é bom. Que é cuidar de si mesmo. Mas acontece que isso não é verdade. É covardia. E só há uma coisa no mundo tão poderosa quanto o medo. O tesão.
Ao sermos empurrados com força pelo desejo, retomamos aquele impulso que nos manda lá pra cima outra vez, ainda com receio, segurando firme nas cordas, medindo a distância do chão... Mas voltando a sentir a brisa nos cabelos. O ritmo dos batimentos cardíacos aumentando, o sorriso invadindo a boca. Se nos permitirmos outra vez, é possível segurar a mão do outro e se balançar junto, no mesmo ritmo. Até estar tão seguro a ponto de fechar os olhos e se jogar cada vez mais para o alto. Alto, em cima.


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