Evidências


Chega de mentira e de negar o meu desejo.
Há anos (já) estou tentando te arrancar daqui, E quando penso que me curei, lá vem você, carismático e carinhoso, cheio de abraços, beijos e mãos. Dizendo que me ama. Falando comigo em uníssono. Declarando o orgulho que sente de mim.
Aí então eu me lembro de tudo de uma vez só. Lembro que quando eu não quero mais você, é porque eu te quero.
Me pergunta se eu te acho um filho da puta, e digo a verdade. Híbrida e pura, sem medir as palavras. Digo que você não faz o que é preciso fazer e que esse amor que não é paixão, mas é misturado com tesão, acaba com as pessoas.
Mas a verdade é que eu sou louca por você e preciso aceitar que não dá mais.
Você insiste que sua vida é solidão. Que algum dia, sabe lá quando, isso vai mudar.
Diz que me faria um filho agora, e me puxa a raiz dos cabelos da nuca, como quem toma o que é seu.
Pela primeira vez tenho força o suficiente pra te resistir. Mas a vitória de ter lhe dito esse não me atravessa com um sentimento paradoxal. Doído. Frustrante. Eu não posso enganar meu coração e menos ainda meu corpo, que querem você. Os dois reclamam agora.
Em vez da sacanagem, o abraço de despedida e um eu te amo (calado) encerram a noite.
Te deixo com a solidão, o cigarro e meio copo de uísque.
Entro no táxi com um grito parado no peito.
Só quero ouvir você dizer que sim.


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