Michelada



Quero te fazer um samba
Ou um cafuné, um ovo mexido, uma michelada…
É, uma michelada acho mais apropriado e menos invasivo
Mas se eu fizer, você bebe comigo?
É nisso que eu tenho pensado, te bebendo em doses homeopáticas diárias
Só no par de vezes que nos encontramos de verdade eu fiquei bêbada
de você.
Bêbada não, alegre, como se costuma dizer.
Então, vamos lá. Começo espremendo aqui meu sumo, mas na verdade não sei o que eu tô fazendo. Não sei dizer se é uma tentativa de poema ou uma carta.
Se for uma carta, ferrou. Eu sou o Temer, Michel.
Mentira, não sou não.
A verdade é que eu ando mais bipolar que o seu show, de tanto que o assisto.
Passo vários momentos ensaiando escrever pra você. Algo bem inteligente e cool, mas com uma simplicidade que te desperte se não o interesse, ao menos a atenção, sem ser uma investida declarada, porque não é isso que eu quero que seja.
Quanto mais eu tento me explicar, mais eu me complico, eu sei.
E, de fato, é tudo muito simples (tomara).
Fica tranquilo, esta não é nenhuma carta de amor. Mas o que é, ainda não descobri, me diz você?
Mas então, a michelada: Limão espremido, cerveja, gelo e a borda de sal. Quase todo mundo acha estranho botar gelo na cerveja, mas isso veio do México e é bom à beça, o que eu vou fazer?
O que eu tô tentando explicar aqui, é o que tem a ver contigo, além do óbvio… Sou eu.
Quando eu provei michelada pela primeira vez, foi um apaixonamento repentino, sensação de encontro muito esperado, de re-encontro. O mesmo vale pra você, mas não no sentido raso de apaixonamento, sabe? Meu receio em expor aqui as coisas é que a nossa diferença de gênero deixa tudo menos relevante e mais superficial.
Tô me perdendo...
Enquanto deixo transbordar esse fluxo de pensamento e me sinto uma maluca, a dúvida se você vai ler isso algum dia me ocorre. Talvez eu nem te mande o link, ou nem publique.
O melhor destino pra isso aqui é a minha terapeuta, Sonia. Posso entregar pra ela, até porque nem sei mais se escrevo pra você ou pra ela. Talvez mais pra mim mesma que qualquer um dos dois.
Meu desejo com isso é propor a você uma nova dinâmica de comunicação. Eu te vejo todos os dias, mas você não pode me ver, porque está do outro lado da câmera. Aconteceu de nos vermos umas poucas vezes, as mais recentes talvez você se lembre. Trocamos e-mails, curtimos e respondemos tweets, essas coisas loucas e ordinárias do mundo virtual e físico, que acontecem normalmente, sem preparos de avisar.
Só que me dá sempre um troço, uma ânsia de sentar contigo pra ter uma longa conversa. Sobre a vida, a arte, sei lá… O super homem de Nietzsche, seus espetáculos, coisas que eu não sei, café… Qualquer coisa. Assuntos que eu tenho a impressão de que vão me instigar. Uma impressão eterna que não passa.
E sabe o que é irônico? Não tenho tempo de fazer isso nem com meus amigos mais chegados, dada a roda viva da rotina excruciante da minha dupla jornada. Ainda assim tenho a cara de pau de vir aqui propor pra você que a gente faça isso,
Um lado do meu cérebro pensa que eu sou idiota, porque é algo praticamente impossível de acontecer, a menos que seja ao acaso.
O outro acredita piamente que é tão possível quanto provável que aconteça.
Concluo que os dois estão certos. Vejo as horas, já passa da meia-noite e eu preciso dormir as poucas horas que me restam.
Vou perguntar pro meu sonho o que eu devo fazer com isso.
A depender da resposta você vai saber, ou não.







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