Vem que tem, 2013!

Não, dessa vez nada de retrospectivas. Há tanto o que lembrar e esquecer que é melhor deixar 2012 tomar seu lugar na minha história assim, à francesa.

É melhor falar do que começa agora, desse ano de possibilidades que já chegou tão intenso. Contar os sonhos, a expectativa de uma vida melhor e a esperança.

O que todo mundo deseja é ter saúde, dinheiro, paz, alegria, amor e sucesso, basicamente.

E cada vez eu quero mais. Quero a sensação gostosa que eu sentia ao me arrumar para ir para a festa de Réveillon que eu tanto esperava. Os sorrisos, a ansiedade boa. Quero ter oportunidades de me permitir ser feliz e despreocupada como eu estava, ao lado da amiga que amo e em sintonia com todos os outros amigos a quem desejo tanta felicidade quanto a mim mesma. Quero os pulos de animação que dei na pista quando tocou a minha música preferida do momento. O êxtase que invadiu meu corpo enquanto eu dançava. Aquela dança...

E segundo Guimarães Rosa, "tudo que muda a vida da gente vem quieto, no escuro". Acredito piamente.

Em meio à toda euforia ele veio calmamente e elogiou o decote do meu vestido. Falou bem ao pé do ouvido,  tocou de leve a curva da parte inferior das minhas costas com uma das mãos ao falar e saiu. Assim, como quem não quer nada. Depois chegou perto outra vez e me estendeu a mão, num convite. Tocava um sucesso romântico dos anos noventa que me levou de volta à infância. Então, meio menina foi que aceitei dançar com ele, fechando os olhos ao recostar meu rosto no seu. Eu sabia toda a letra da música de cor e cantarolava timidamente. Quando ele fez o mesmo, senti um arrepio me percorrer a coluna, a doçura de sua voz era ainda maior assim, de pertinho. "Não é justo" eu disse. E infelizmente minhas palavras o fizeram parar de cantar.

*em tradução livre:
dançando lentamente com ele. #sócoisasfemininas

Na segunda dança me encaixei nos braços dele de maneira natural e instintiva. Ali eu percebi que poderia ser bom e começamos a conversar. Eu já o conhecia há tempos, muitas vezes tinha ido aos seus shows e tantas outras havíamos sido apresentados. Mas para ele eu era uma desconhecida até o momento. Gostei disso, de poder ser uma página em branco, assim como o ano inteiro que estava à nossa frente. Só que ele já via através dos meus olhos e passou longos segundos olhando dentro de minhas íris, lendo sabe-se lá o quê. Tinha um jeito engraçado de pensar a vida e o arriscado hábito de dizer as coisas (acho que) sem pensar. Sem mais nem menos disse que minha boca é grande; fiquei na dúvida se aquilo era um elogio ou uma crítica, entretanto não me senti ofendida. Por outro lado, deixou no meio da conversa uma frase que achei tão doce quanto sua voz. "Bem-vinda à minha vida". Pensei que pudesse ser coisa do signo e lhe perguntei qual era. Gemini-geminiano, "tal como Chico Buarque, mesmo dia", ele disse.

O ritual de sedução pareceu demorar uma eternidade. Eu olhava seus olhos tentando encontrar algo que não sei bem o que era, e me desviava o tempo todo para a boca que ria um riso safado. Provocador, ele prometia - veladamente - me beijar a qualquer momento, mas me deixava na espera, ou quem sabe, tentava fazer com que eu o beijasse primeiro. Teimosa que sou, me mantive firme e forte, como quem não quer piscar primeiro no jogo-do-quem-pisca-primeiro. De repente, ele levou a mão à minha nuca e me beijou. Um beijo que continha toda nosso magnetismo e desejo, tudo misturado com a magia de uma noite de réveillon. Coisa de pele.

"Não é bom quando é bom"? - Ele me perguntou. "É melhor quando é bom", respondi. E agora a noite estava completa: festa, ótima música, amigas queridas, beijos e abraços. A promessa de um ano bom. Aquela chama pequenininha que estava quase apagada dentro de mim, lentamente voltava a brilhar. Ri ao lembrar do que me disse o tarô: que eu preciso voltar a acreditar. Fiz um esforço para não duvidar demais das palavras dele. Outro maior ainda para não acreditar demais.