O irmão mais novo

Te carreguei no colo, menino
Quando você foi anunciado, mesmo antes de sabermos se era menino ou menina, foi uma alegria geral. Eu, pequena ainda, pouco entendi o que significaria a sua vinda. Mas, segundo a mãezinha, era eu própria quem vivia pedindo um "rimãozinho", apesar de não me lembrar disso.
Olha, confesso: eu queria que fosse uma "rimãzinha", sim. Seria quase como ganhar uma boneca viva. Só que quem olhava a barriga onde você estava, dizia que era menino. Me emburrava, teimava: queria menina.
Um dia, com muito cuidado e preocupação no olhar, ela veio e me disse que quem viria era você, rimãozinho. E que se chamaria Bruno. Na hora eu não gostei nada, depois me acostumei com a ideia. Mal sabia de tudo que ia acontecer quando você chegasse.
Me lembro claramente do dia em que te vi pela primeira vez. Um pacotinho pequeno embrulhado nos braços da minha mãe, que então não era mais só minha. Lá na casa da 'vó Ivete foi um alvoroço só. Tudo por sua causa. E você nem fazia nada demais, só dormia e chorava e mamava. Não entendi por que de repente todo mundo queria te ver e te pegar no colo, se nem mesmo bonito você era.
Daí, você começou a crescer e engordar, sujando uma infinidade de fraldas que a mãezinha tinha que lavar. Aprendeu também a fazer umas gracinhas que as tias e primos achavam o máximo. Até que você foi ficando bonitinho, sabe?! Mas dava uma trabalheira danada. De repente eu percebi que esse negócio de ser a "rimã" mais velha era um saco. Porque toda hora alguém dizia "Coitadinho do seu irmão, ele ainda é pequeno, não sabe" ou "Não faça isso, tem que dar o exemplo pro seu irmão". Cada vez mais eu gostava menos de você. Não sabia que você não tinha culpa de nada. Eu também era bem pequena e não entendia muito bem as coisas.
Nunca aprendi a tocar piano...
Mas quando você começou a engatinhar e arrancou as teclas do meu piano (presente de natal tão esperado durante um ano inteiro de bom comportamento e pago em 12 prestações) foi demais pra mim. Como era possível um garoto tão pequeno causar um estrago tão grande e em tão pouco tempo? Criança é um bicho cruel e hoje eu sei que já nessa época me tornei vingativa.
À parte de todas as brigas e torturas psicológicas (espero que você não se lembre delas, mas se sim, prometo pagar sua análise algum dia), você sempre teve o coração bom o bastante para gostar de mim sinceramente. Se lembra daquelas dias que passávamos juntos assistindo os Power Rangers, sessão da tarde e depois Chaves?! Ríamos e brincávamos tanto...Você era o rimãozinho companheiro que eu tanto tinha pedido. Acreditava sempre em mim e no que fosse que eu dissesse, com um olhar de admiração e até espanto, dependendo de qual a mentira contada.
Ainda bem que não preciso mais te levar na garupa da bike!
À medida que crescemos foi ficando mais e mais difícil. De novo, a culpa não era sua, fui eu quem foi ficando diferente e distante. Tivemos a última briga feia pouco antes de eu sair de casa e naquela época eu achava de verdade que não gostava de você, meu meio-irmão. Bobagem minha, hoje eu sei. Era só ciúmes e perfeccionismo demais. Querer ser forte e esperta o bastante pra te servir de exemplo acabou por me transformar nesse ser distante e frio. Intolerante. Adolescente.
Mas a distância e o tempo acabaram nos aproximando nos últimos anos, não foi?! Nos tornamos "adultos" e percebemos que o laço de amor que nos une é forte o suficiente pra perdurar sobre qualquer coisa.
Hoje você é um homem feito (estou falando como uma velha, já); toma cerveja comigo e fala besteiras no bar. Quase me matou de susto no dia em que me disse que estava apaixonado e eu fiquei sem saber direito o que dizer ou fazer com isso, pois nunca havia pensado que seria a mim que você iria recorrer. No fim das contas continuo querendo ser a melhor irmã mais velha, dar o bom exemplo e te orientar/cuidar/proteger. Só que agora com mais carinho, consciente de quanto te amo, meu irmão.
Obrigada por estar sempre de braços abertos pra mim. Você é um menino bom e tenho muito orgulho de ter tomado parte na sua educação e na sua vida de alguma maneira positiva. Me sinto responsável por esse cara em que você se tornou, tão dedicado, inteligente, amável e carinhoso. Seja feliz, sempre!
Tá, mas você continua sendo esse pestinha aí!



Comentários

  1. Que lindoooo prima, realmente irmãos é isso mesmo, ora brigando ora se amando. Mas com certeza não existe nada nesse mundo que possa tirar isso da nossa vida, pois sabemos q podemos contar com eles sempre no que for possivel e impossivel. Bjinhos e sucesso sempre.

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  2. Pois é prima, irmão é irmão. Imagino você que tem 4! hehehehe
    Bom te ver aqui no blog!
    Brigada.
    Beeju

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  3. Que liindo cunhada!!

    Meu amor é e sempre foi um anjo! :D rsrs

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    1. Ahan, vai vendo cunhadinha!
      hehehe
      Dá um beijo e um abração nele por mim hoje, tá?!
      Beijo grande

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  4. Nossa, lindo texto! Vindo do fundo da alma, cheio de sentimento!!!! Adorei!

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    1. Brigada, Carol!
      Ando super sentimental ultimamente...hehe
      Beeju

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  5. Lindo amiga. Melhor ainda foi ver o comentário da namorada dele..kkk, apaixonadinha ela ne, rss... sorte do Bruno.
    Beijuuuuuuuu, Stéfani

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    1. É, garoto sortudo!!! hehe
      Brigada, miga.
      Beijãããããããão!!!

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  6. Lindo texto, filha! Me emocionou mto a sua homenagem ao seu irmão. Tenho orgulho de ter criado vcs ensinando o amor. Bjs!

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